quinta-feira, 2 de maio de 2019

História com música


Aula 1- Introdução a História do Brasil
Música: Um índio- Caetano Veloso


A música é uma expressão social, cuja sua existência e definição é muito complexa, havendo discussões, no meio acadêmico, sobre o que é a música. Pois para pensar a música, é preciso considerar as combinações da melodia, harmonia, ritmo, e quando associado ao canto, ainda existe a letra, com o texto e a poesia, como algo associado para a existência da experiência auditiva, não sendo uma tarefa simples a sua definição. 


A música carrega em seus ritmos, estilos e sons representações culturais, históricas, regionais, podem contar histórias, ser uma poesia, prosa ou até um manifesto. Como uma manifestação artística, a música, pode ser relacionada a atividade interdisciplinares com as diversas áreas de conhecimento como história, sociologia, antropologia, ciências exatas e literatura, sendo possível fazer as mais variadas relações entre os temas.


A música escolhida, para ser trabalhada diante dessa perspectiva de sequência didática é do cantor, compositor, escritor e ativista político, Caetano Veloso, Um índio, do disco Bicho (1977).



Um Índio
Caetano Veloso
Composição: Gilberto Gil
Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul
Na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranqüilo e infálivel como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Gandhi
Virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor
Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto-sim resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará
Não sei dizer assim de um modo explícito
Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranqüilo e infálivel como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Gandhi
Virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio




A proposta é fazer a apresentação da música e abrir as seguintes possibilidades de trabalho com ela:
Questionar aos estudantes sobre o que eles sabem sobre Caetano Veloso;
Músicas que conhecem ou já ouviram com a temática Indio;
Pedir que façam uma breve pesquisa, em sala, e apresentem os resultados a respeito, e falem um pouco sobre as músicas, que encontraram.

Aula 2- Cultura Afrobrasileira
Música: Palmares 1999- Natiruts




A história do negro no Brasil nunca foi contada pelos próprios negros, o questionamento que a música faz é justamente sobre como a história sempre foi contada pelos vencedores, e nesse caso, a história passa a ser contada de maneira pejorativa, o que resultou em problemas como a criminalização do negro, perda de identidade e raízes culturais, e na demonização das sua crenças e costumes, isso também se deve ao fato de que os negros na época escravocrata não eram alfabetizados, o que impediu o registros de sua história, e traços culturais. O compositor ainda ressalta a questão do negro ocupar lugares maioritariamente frequentados por brancos de classe social mais alta, e que isso pode ser bom, porém acaba contribuindo para uma perda maior de identidade.


Palmares 1999
Natiruts
Compositores: Alexandre Carlo


A cultura e o folclore são meus
Mas os livros foi você quem escreveu
Quem garante que palmares se entregou
Quem garante que Zumbi você matou
Perseguidos sem direitos nem escolas
Como podiam registrar as suas glórias
Nossa memória foi contada por vocês
E é julgada verdadeira como a própria lei
Por isso temos registrados em toda história
Uma mísera parte de nossas vitórias
É por isso que não temos sopa na colher
E sim anjinhos pra dizer que o lado mal é o candomblé
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A influência dos homens bons deixou a todos ver
Que omissão total ou não
Deixa os seus valores longe de você
Então despreza a flor zulu
Sonha em ser pop na zona sul
Por favor não entenda assim
Procure o seu valor ou será o seu fim
Por isso corre pelo mundo sem jamais se encontrar
Procura as vias do passado no espelho mas não vê
E apesar de ter criado o toque do agogô
Fica de fora dos cordões do carnaval de salvador
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não


A proposta.


1.Trabalhar com a turma recortes da época da escravidão, bem como uma discussão aprofundada acerca da música, o racismo institucional no Brasil e as consequências sofridas pela cultura negra.


2.A metodologia usada será slides com a letra da música intercalando com imagens do período de escravidão no Brasil. A ideia é fazer com que esses alunos pensem de forma crítica e reflexiva sobre as consequências de discriminação que coloca pessoas, grupos raciais ou étnicas em situação de risco ou desvantagens no que tange o acesso de benefícios e direito dos mesmos. 

Aula 3- Anos 60 no Brasil
Música: Cálice- Chico Buarque e Milton Nascimento



O Ato Institucional nº 5, conhecido usualmente como AI-5, foi um decreto emitido pela Ditadura Militar durante o governo de Artur da Costa e Silva no dia 13 de dezembro de 1968. O AI-5 é entendido como o marco que inaugurou o período mais sombrio da ditadura e que concluiu uma transição que instaurou de fato um período ditatorial no Brasil.


A música Cálice foi lançada em 1973, por Chico Buarque de Holanda lançou, em parceria com Gilberto Gil, apresentando opiniões claras sobre a repressão e os atos da Ditadura Militar brasileira.


Cálice (part. Milton Nascimento)
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque / Gilberto Gil ·
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça




A Proposta da aula: 


Debater sobre as temática gerais, abordadas na música, identificando com os estudantes os assuntos como liberdade, opressão, ditadura; 


Fazer a leitura coletiva do texto, indicar a recorrência de traços semânticos, que estabelecem a permanência de um efeito de sentido no discurso. 


Texto que pode servir de leitura, para professor, ou estagiários: A censura às músicas de Chico Buarque na ditadura (1964-1985) | Observatório da Imprensa. Disponivel em: http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/a-censura-as-musicas-de-chico-buarque-na-ditadura-1964-1985/

Aula 4- Democracia
Música: Que país é esse- Legião Urbana
Composição: Renato Russo




Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, diretamente ou através de representantes eleitos na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do Sufrágio Universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.



Que País É Este
Legião Urbana
Composição: Renato Russo
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia-ia-ia
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte, eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?



Proposta de aula: 


Exibição da música, logo após roda de conversa, contextualizando a música com os temas vividos na época de seu lançamento e atualmente, fazendo uma comparação crítica. ( pode ser solicitado em forma de texto ou redação). 


Dinâmica chamada “jogos dos privilégios” em que os alunos ficam alinhados, e serão feitas perguntas relacionadas ao tema democracia e da música, de acordo com as respostas os mais privilegiados avançam e os que se sentem desprivilegiados dão passos para trás. A proposta da dinâmica é gerar uma reflexão ao final a partir do seu resultado. 

Aula 5- Encerramento
Música: Cota Não é  esmola-Bia Ferreira
   Sr Presidente- Projota
   Pantera Negra - Emicida
   Reza Vela/ Nordeste me veste - O Rappa e Rapadura




Proposta de aula:


1.No encerramento serão aplicada quatro música. A cada música trabalhada, os alunos receberão as letras impressas, onde após a leitura e audição, faremos uma roda de conversa para realizarmos a identificação de palavras desconhecidas. Em seguida os mesmos serão instigados a compartilhar e socializar com a turma suas contribuições sobre a canção, os conceitos, os aspectos políticos e sociais identificado, bem como trazer para a realidade do cotidiano de cada indivíduo. 


2. Após a socialização será lançado um desafio. Formaremos (4) quatro equipes onde cada equipe ficará responsável por uma música que será escolhida de forma democrática através de sorteio. Em seguida passaremos as instruções, cada equipes terão um tempo para bolar uma encenação teatral, pode ser em forma de poesia, dança, dramaturgia, comédia etc… A intenção é reproduzir a música em forma de arte. 



Cota Não É Esmola

Bia Ferreira


Existe muita coisa que não te disseram na escola
Cota não é esmola!
Experimenta nascer preto na favela pra você ver!
O que rola com preto e pobre não aparece na TV
Opressão, humilhação, preconceito
A gente sabe como termina, quando começa desse jeito
Desde pequena fazendo o corre pra ajudar os pais
Cuida de criança, limpa casa, outras coisas mais
Deu meio dia, toma banho vai pra escola a pé
Não tem dinheiro pro busão
Sua mãe usou mais cedo pra poder comprar o pão
E já que tá cansada quer carona no busão
Mas como é preta e pobre, o motorista grita: não!
E essa é só a primeira porta que se fecha
Não tem busão, já tá cansada, mas se apressa
Chega na escola, outro portão se fecha
Você demorou, não vai entrar na aula de história
Espera, senta aí, já já dá 1 hora
Espera mais um pouco e entra na segunda aula
E vê se não atrasa de novo! A diretora fala
Chega na sala, agora o sono vai batendo
E ela não vai dormir, devagarinho vai aprendendo que
Se a passagem é 3,80 e você tem 3 na mão
Ela interrompe a professora e diz, 'então não vai ter pão'
E os amigos que riem dela todo dia
Riem mais e a humilham mais, o que você faria?
Ela cansou da humilhação e não quer mais escola
E no natal ela chorou, porque não ganhou uma bola
O tempo foi passando e ela foi crescendo
Agora la na rua ela é a preta do suvaco fedorento
Que alisa o cabelo pra se sentir aceita
Mas não adianta nada, todo mundo a rejeita
Agora ela cresceu, quer muito estudar
Termina a escola, a apostila, ainda tem vestibular
E a boca seca, seca, nem um cuspe
Vai pagar a faculdade, porque preto e pobre não vai pra USP
Foi o que disse a professora que ensinava lá na escola
Que todos são iguais e que cota é esmola
Cansada de esmolas e sem o dim da faculdade
Ela ainda acorda cedo e limpa três apê no centro da cidade
Experimenta nascer preto, pobre na comunidade
Cê vai ver como são diferentes as oportunidades
E nem venha me dizer que isso é vitimismo
Não bota a culpa em mim pra encobrir o seu racismo!
E nem venha me dizer que isso é vitimismo
E nem venha me dizer que isso é vitimismo
Não bote a culpa em mim pra encobrir o seu racismo!
E nem venha me dizer que isso é vitimismo
São nações escravizadas
E culturas assassinadas
É a voz que ecoa do tambor
Chega junto, venha cá
Você também pode lutar, ei!
E aprender a respeitar
Porque o povo preto veio para revolucionar
Não deixe calar a nossa voz não!
Não deixe calar a nossa voz não!
Não deixe calar a nossa voz não!
Revolução
Não deixe calar a nossa voz não!
Não deixe calar a nossa voz não!
Não deixe calar a nossa voz não!
Revolução
Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai
Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai, ei
Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai
Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai
E é peito aberto, espadachim do gueto, nigga samurai!
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga samurai!
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga samurai!
Vamo pro canto onde o relógio para
E no silêncio o coração dispara
Vamos reinar igual Zumbi, Dandara
Odara, Odara
Vamo pro canto onde o relógio para
No silêncio o coração dispara
Odara, Odara, ei!
Experimenta nascer preto e pobre na comunidade
Você vai ver como são diferentes as oportunidades
E nem venha me dizer que isso é vitimismo
Não bota a culpa em mim pra encobrir o seu ra-cis-mo!
Existe muita coisa que não te disseram na escola!
Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
Eu disse:Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
São nações escravizadas
E culturas assassinadas
É a voz que ecoa do tambor!
Chega junto, venha cá
Você também pode lutar
E aprender a respeitar
Porque o povo preto veio revolucionar
Cota não é esmola!





Sr. Presidente
Projota


A gente paga pra nascer, paga pra morar
Paga pra perder, a gente paga pra ganhar
Paga pra viver, paga pra sonhar
A gente paga pra morrer e o filho paga pra enterrar
Vontade a gente tem, mas não tem onde trabalhar
Justiça a gente tem, mas só pra quem pode pagar
Coragem a gente tem, mas não tem forças pra lutar
Então a gente sai de casa sem saber se vai voltar
E aí vem vocês pegar o que é nosso direito
Crime não é mais crime quando é um crime bem feito
Viver dessa maneira é algo que eu não aceito
Enquanto isso o povo chora sem ter onde morar
Mas existe uma chama acesa dentro do peito
Porque já não dá mais pra se viver desse jeito
Quando o povo explodir, vai ser só causa e efeito
Efeito que abastece meu pulmão e me dá forças pra cantar
Sr. Presidente, esse país tá doente
Nosso povo já não aguenta mais
Sr. Presidente, como você se sente
Ao ver a fila dos nossos hospitais?
Sr. Presidente, até queria que a gente
Se entendesse, mas não sei como faz
Porque essa noite se foi mais um menino ali na rua de trás
Esse é o meu país tão lindo que não tem furacão
De um povo que ainda segue órfão do seu pai da nação
De uma pátria mãe solteira da sua população
Onde o salário vale menos do que o preço do pão
Dorme um menino de rua descansando seus pés
Viajando pra lua num papelote de 10
Ó, pátria amada e mal amada por filhos infiéis
Digas quem te comandas, que eu te digo quem és
E aí vem vocês pegar o que é nosso direito
Crime não é mais crime quando é um crime bem feito
Viver dessa maneira é algo que eu não aceito
Enquanto isso o povo chora sem ter onde morar
Mas existe uma chama acesa dentro do peito
Porque já não dá mais pra se viver desse jeito
Quando o povo explodir, vai ser só causa e efeito
Efeito que abastece meu pulmão e me dá forças pra cantar
Sr. Presidente, esse país tá doente
Nosso povo já não aguenta mais
Sr. Presidente, como você se sente
Ao ver a fila dos nossos hospitais?
Sr. Presidente, até queria que a gente
Se entendesse, mas não sei como faz
Porque essa noite se foi mais um menino ali na rua de trás

Pantera Negra
Emicida




Minha pele, Luanda
Antessala, Aruanda
Tipo T'Challa, Wakanda
Veneno Black Mamba
Bandoleiro em bando
Qué o comanda dessas banda?
'Sa noite ceis vão ver mais sangue
Do que Hotel Ruanda
A era vem selvagem
Pantera sem amarra
Mostra garra negra
Eu trouxe a noite como camuflagem
Sou vingador, vingando a dor
Dos esmagados pela engrenagem
Ceis veio golpe, eu vim Sabotage
Místico, mil orixás num panteão, bravo
Mato colono, pono fim, igual leão de Tsavo
Tuchano grave memo
Entrave nunca, eu agravo
Monstro, crânio, vibranium
Te corto em 12 avos
Raio tipo Usain Bolt, 10 mil volts
Ancestrais aplaudem, gravem
Tanehi sem coachs
Memória longa, pavio curto
Nesse approach e pá
Digam que o zica voltou tipo um(a)ka
Com a garra, razão e frieza, mano
Se a barra é pesada, a certeza é voltar
Tipo Pantera Negra (eu voltei)
Tipo Pantera Negra
Com a garra, razão e frieza, mano
Se a barra é pesada, a certeza é voltar
Tipo Pantera Negra (eu voltei)
Tipo Pantera Negra
Agora em mi laje, ela Dora Milaje
Brota na base, bem Nicki Minaj, ora é miragem
Jato Mirage, voos altos, Sr. Spock
Bonde igual Lanterna Verde, tô bem Super Choque
Prum novo mar Vermelho
Uma nova travessia
Pro povo ter reis no espelho
Minha caneta cria
Rua, Wu Tang, Supermam mais tecnologia
Simbólico tipo guia
Na madrugada fria
Vim esmagar boy que debocha da cultura black
Um Kasparov a brindar mate e assinar o cheque
Sou anti sinhozinho, independente nas track
Rato, respeita meu tempo, não seja moleque
Se vem de Stan Lee, um Spike Lee
Mei Bruce Lee
Tô levando Brasil estilo Mauricio Kubrusly
Tipo Solange, um lugar na mesa
Negra ou morena? Na dúvida, chame-a de princesa
Autoconhecimento, autoajuda
Fluxo do tempo, tipo samples, tipo Buda
Amor pra encher mil livros
Tipo Gabo ou Neruda
Quem casou com a tempestade
Não se liga em guarda-chuva
Tendeu?
Com a garra, razão e frieza, mano
Se a barra é pesada, a certeza é voltar
Tipo Pantera Negra (eu voltei)
Tipo Pantera Negra
Com a garra, razão e frieza, mano
Se a barra é pesada, a certeza é voltar
Tipo Pantera Negra (eu voltei)
Tipo Pantera Negra

Reza Vela - Norte Nordeste Veste (part. Rapadura)
O Rappa


Minhas irmãs, meus irmãos
Se assumam como realmente são
Não deixem que suas matrizes, que suas raízes
Morram por falta de irrigação
Ser nortista e nordestino meus conterrâneos
Num é ser seco nem litorâneo
É ter em nossas mãos um destino nunca clandestino
Para os desfechos metropolitanos
Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Rasgo de leste a oeste como peste do sul ao sudeste
Sou rap agreste norte-nordeste epiderme veste
Arranco roupas das verdades poucas das imagens foscas
Partindo pratos e bocas
Com tapas mato essas moscas
Toma! Eu meto lacres
Com backs derramo frases ataques
Atiro charques nas bases dos meus sotaques
Oxe! Querem entupir
Nossos fones a repetirem nomes
Reproduzindo seus clones se afastem dos microfones
Trazem um nível baixo
Para singles fracos, astros de cadastros
Não sigo seus rastros, negados padrastos
Cidade negada como madrasta, enteados já não arrasta
Esses órfãos com precatas
Basta! Ninguém mais empata
Meto meu chapéu de palha sigo pra batalha
Com força agarro a enxada
Se crava em minhas mortalhas
Tive que correr mais que vocês pra alcançar minha vez
Garra com nitidez rigidez me fez monstro camponês
Exerce influência, tendência
Em vivência em crenças destinos
Se assumam são clandestinos
Se negam não nordestinos
Vergonha do que são
Produção sem expressão própria
Se afastem da criação morrerão por que são cópias
Não vejo cabra da peste só carioca e paulista
Só frestyleiro em nordeste não querem ser repentistas
Rejeitam xilogravura o cordel que é literatura
Quem não tem cultura
Jamais vai saber o que é rapadura
Foram nossas mãos
Que levantaram os concretos os prédios
Os tetos os manifestos, não quero mais intermédios
Eu quero acesso direto às rádios palcos abertos
Inovar em projetos protestos arremesso fetos
Escuta! a cidade só existe por que viemos antes
Na dor desses retirantes com suor e sangue imigrante
Rapadura eu venho do engenho rasgo os canaviais
Meto o norte nordeste o povo no topo dos festivais
Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Hei! nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
A chama da vela que reza
Direto com santo conversa
Ele te ajuda te escuta
Num canto colada no chão, mas sombras mexem
Pedidos e preces viram cera quente
Pedidos e preces viram cera quente
A fé no sufoco da vela abençoada no dia dormido
O fogo já não existe ali saíram do abrigo
São quase nada
A molecada corre e corre, ninguém tá triste
A molecada corre e corre, ninguém tá
Se tudo move se o prédio é santo
Se é pobre mais pobre fica
Vira bucha de balão ao som de funk
E apertada tua avenida
A cera foi tarrada
Não se admire
Se tudo move se o prédio é santo
Se é pobre mais pobre fica
Vira bucha de balão ao som de funk
E apertada tua avenida
Ah Ah Ah a tua avenida
Ah Ah Ah
A cera foi tarrada
Não se admire
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Eu digo Oxe e vocês dizem Oxente
Oxe, Oxente! Oxe, Oxente
Eu digo arri e vocês dizem égua
Arri, Égua! Arri, Égua!
Eu digo Rappa e vocês dizem dura
O Rappa, dura! O Rappa, dura!
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Sou coco e faço cocada embolada bolo na hora
Minha fala é a bala de agora é de aurora e de alvorada
Cortando o céu da estrada do nada eu faço de tudo
Com a enxada aro esse mundo e no estudo faço morada
Sou doce lá dos engenhos e venho com essa doçura
Contenho poesia pura, a fartura de rima tenho
Desenho nossa cultura por cima e não por de baixo
Tu não sabe o que é isso? Isso é o Rappa e Rapadura
Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte Nordeste! Norte Nordeste!
E o melhor daqui já foi foi foi
Chuva de gente estranha cai, cai cai
O nosso bucho fica pra depois
E o que foi, já foi, não vai voltar jamais
E o melhor daqui já foi foi foi
Chuva de gente estranha cai cai cai
O nosso bucho fica pra depois
E o que foi, já foi, não vai voltar jamais
O cabra não fala inglês e dizem que sou abestado
Pois não tenho um atestado e só falo nordestinês
Tu rai me dai, o rale dei
Ta ralendo, rela lá atrás
A barrela já ta demais é um rai e rem que nunca acaba
É uns que sobra outros desaba
E o que foi não volta mais